Dos livros que marcam





Nem sei muito bem por onde começar...
Comecei a ver muitas opiniões e críticas positivas deste livro no início do ano e quis logo comprá-lo, mas a minha consciência disse-me que na altura ainda tinha muitos livros em espera e que era melhor ser uma pessoa ajuizada e ler primeiro esses. Às vezes até faço o que "ela" me diz e foi este o caso.
Quando fiz a minha lista de livros que queria comprar na Feira do Livro tinha que o incluir obviamente, mas entretanto ainda antes de a Feira do Livro começar, a Wook fez uma bela campanha do dia e lá veio este e outro.

Sou da opinião de que não nos podemos esquecer da História, do que os homens fizeram, dos que sofreram, dos que morreram, dos que lutaram, para daí tirar sempre lições e sermos pessoas melhores, por mais penoso que seja. E esta época é das mais penosas da História.

Não sei bem do que estava à espera. De que tipo de história, de que personagens, mas definitivamente não estava à espera que o livro me marcasse tanto.

Resumindo, e não vou contar muito para deixar as pessoas descobrirem a história por elas próprias, trata-se da história de uma rapariga, Dita, de 14 anos, judia, que vive no campo de concentração de Auschwitz. Ela desempenha uma função muito importante. Ela é a fiel guardiã de um número reduzido de livros que servem para ensinar os miúdos que "frequentam" um barracão escola dentro do campo de concentração. Esta "escola" foi estabelecida pelos nazis para que quando os observadores internacionais inspeccionassem o campo, ficassem com a ideia que existia uma vida "normal" naqueles campos, para onde enviaram os judeus.
É óbvio que os nazis não sabem da existência dos livros, que estão escondidos num buraco por baixo do soalho, e o leitor também não fica a conhecer como é que eles os conseguiram.

Dita conta-nos a rotina das pessoas do campo, das conhecidas e desconhecidas, do contrabando, das mulheres que vendem o corpo por um pedaço de comida, as doenças, a sujidade, a comida (que não era senão um sopa de água praticamente sem nada e quase a única refeição durante o dia inteiro), fala das crianças, das aprendizagens, dos professores, dos guardas nazis , das relações amorosas entre prisioneiros, do que as pessoas são capazes de fazer para obter qualquer bem, que lhes melhore a vida (sabão, um ovo, etc...), fala das fugas bem e mal sucedidas, das funções que cada um dos grupos tinha (carregar mortos para as valas, limpar as fossas...), das triagens de prisioneiros...
Fala essencialmente de morte e do que o ser humano consegue ou não aguentar física e psicologicamente.

O autor escreve muito bem. É através da boca de Dita que nós, leitores, consegue visualizar a fragilidade humana, o horror das execuções, as atrocidades cometidas pelo Império nazi.

Estas imagens que o autor nos proporciona marcam muito e ajudam a relativizar tudo o que nos preocupa ou aborrece.

Leiam, vai fazer-vos bem.
Acreditem.

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